domingo, 25 de outubro de 2009

Homenagem aos Taxistas do Rio de Janeiro


Em setembro de 1914 o governador de Paris convocou 600 taxis para levar soldados, já exaustos de outras batalhas, como reforços para enfrentar as tropas alemãs que se encontravam a poucas dezenas de quilômetros de Paris. Os taxistas de Paris eram todos idosos e aposentados, porque os mais novos já haviam sido convocados para lutar na guerra, mas todos obedeceram à convocação do general, enfrentando as duras condições da estrada, durante a noite, com as luzes apagadas, e o frio, fome e sede nos seus Renault modelo AG, que depois ficaram conhecidos como Taxis do Marne. A operação pode não ter sido decisiva para a vitória sobre os alemães, porque o número de soldados assim transportados foi pequeno, mas certamente contribuiu muito para levantar o moral dos franceses e seus aliados. Hoje em dia há placas em homenagem aos taxistas do Marne no local da batalha e na praça dos Inválidos em Paris, onde os taxistas se reuniram antes de começar a jornada, e ainda restam 3 dos táxis originais em museus na França e nos Estados Unidos. O Episódio foi narrado com precisão histórica e humor por Philippe Bernert em um dos capítulos do livro "La France de la Madelon" de Gilbert Guilleminault.

Resolvi contar esta história como forma de homenagear os nossos valorosos taxistas, que em meio ao caos em que vivemos aqui na linda cidade do Rio de Janeiro, nos ajudam cotidianamente a enfrentar os nossos pequenos dramas. Várias vezes usei táxis como ambulância, e todos sabemos de histórias de verdadeiro heroísmo que eles às vezes protagonizam, como a que aconteceu na semana passada, em que um deles ajudou suas passageiras a protegerem-se de um tiroteio, e ainda voltou depois para levá-las em segurança ao seu destino. Vivam os taxistas!


(foto tirada do Correio Catarinense)

domingo, 18 de outubro de 2009

The Family of Man


The Family of Man (A Família do Homem) foi uma exposição de fotografias montada por Edward J. Steichen em 1955 para o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA). Ao mesmo tempo que oferecia uma infinita diversidade de imagens de seres humanos dos anos 50, enfatizava que todos pertencem a uma mesma grande família. Os 32 temas, ordenados cronologicamente, refletiam as alegrias e tristezas das pessoas, a suas insatisfações e infelicidades, a sua aspiração por paz, mas também a realidade sangrenta da guerra. Enfatizava também o papel da democracia e, na conclusão da exposição, o papel das Nações Unidas como a única instituição capaz de salvar o mundo da "devastação da guerra, que trouxe duas vezes (na primeira metade do século XX)  indescritível sofrimento à humanidade, e reafirma a fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e valor do ser humano, nos direitos iguais dos homens e mulheres, e das pequenas e grandes nações" (Carta das Nações Unidas).


Vista como "o maior empreendimento fotográfico já realizado", a exposição consistiu em 503 fotografias tiradas por 273 fotógrafos, profissionais e amadores, conhecidos e anônimos, de 68 países. Um empreendimento enorme, de dimensões culturais e artísticas únicas, teve considerável influência sobre outras exposições, despertou o interesse do público na fotografia e a sua tremenda capacidade de comunicação, e passou uma mensagem pessoal, humanista, corajosa e provocadora.


Embora "A Família do Homem" tenha se tornado uma lenda na história da fotografia, foi muito além do que uma exposição pode ser. Pode ser vista como a memória de uma época inteira, da Guerra Fria e do Macartismo, na qual as esperanças e aspirações de milhões de homens e mulheres eram centradas na paz.
O empreendimento de Steichen ainda é único. Várias exposições de fotografias foram de uma forma ou de outra inspiradas nele, como A Família das Crianças e a Família da Mulher, de Jerry Mansom e a Primeira Exposição Mundial de Fotografia, organizada por Karl Pawek nos anos 60 para a revista Stern, mas nenhuma delas igualou a dimensão visual ou a coerência artística da exposição original.
A abordagem pessoal de Steichen desperta interesse e desafia a curiosidade até hoje: houve uma nova onda de interesse na exposição depois da inauguração do Museu de Clervaux. Desde junho de 1994 o museu já recebeu mais de 163.000 visitantes do mundo todo, sem contar com os 50.000 que foram ver a coleção restaurada em Toulouse, Tokio e Hiroshima em 1992 e no inverno de 1993, 38 anos depois da primeira tournée. Essa foi a última viagem ao redor do mundo da exposição, antes de ser permanentemente instalada no museu.


Traduzido do Portal da UNESCO:   http://portal.unesco.org/ . A UNESCO declarou esta exposição "Memória da Humanidade" em 2003. A exposição encontra-se hoje em dia no museu "The Family of Man" em Clervaux, Luxemburgo, e pode ser visitada virtualmente através do link: http://www.family-of-man.public.lu/visite-virtuelle/index.html

sábado, 17 de outubro de 2009

Frango Auto-Desossado

1 frango inteiro
1 saco (800g) de cebolas pequenas
1 colher (sobremesa) de sal
1 colher (sobremesa) de açúcar
Recheie o frango com as cebolas o sal e o açúcar. Costure todas as aberturas da pele do frango.

Tempere com um pouco de sal e vinagre por fora e coloque um pouco de margarina no fundo da assadeira e em cima do frango para o papel alumínio não grudar. Leve ao forno coberto com papel alumínio por cerca de 30 minutos, retire o papel e deixe até a carne estar bem macia. Retire o frango do molho e sirva assim mesmo, ou retire os ossos e a pele e misture a carne e as cebolas com arroz branco fazendo um risoto. O molho só presta se for desengordurado, porque por esse processo o frango sua toda a gordura. Esta receita ganhou o prêmio de receitas do Apicius, no JB, alguns anos atrás.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Caldeirada do Gama

Uma receita de que o nosso pai sempre falou e fez, ou melhor, comandou a fazedura, algumas vezes ao longo da nossa vida, foi a caldeirada como é preparada nos barcos dos pescadores portugueses. Um detalhe interessante é que o meu irmão B e eu fazemos versões um pouco diferentes do mesmo prato, mesmo tendo aprendido juntos. Qual é a mais portuguesa? Qual é a verdadeira? A resposta jaz no mar profundo, por onde nunca veio gente humana, como diria Camões.


Caldeirada Portuguesa da Filipa
- 1 kg de batatas descascadas e cortadas em rodelas grossas;
- 1 kg de peixe (de preferência peixe reimoso, ou seja gorduroso e de sabor forte)
- 1/2 kg de cebolas cortadas em cubos
- 1/2 kg de tomates cortados em gomos
- 3 dentes de alho cortados em rodelas
- ramos de salsa e de cebolinha
- Sal, pimenta do reino, azeite

Cobrir o fundo de uma panela* com azeite e dispor camadas alternadas de cebola e alho, peixe, tomate, batatas até acabarem todos os ingredientes. À medida em que for empilhando as camadas, temperar de sal e pimenta. Pelo meio junte o cheiro verde, amarrado com um nó. Regue com mais um fio de azeite e feche a panela. Leve ao fogo médio até as batatas ficarem macias, sem nunca mexer, somente sacudindo a panela de vez em quando. Não leva nenhum líquido, os legumes e o peixe soltam a própria água. Não precisa de nenhum acompanhamento, já é um prato completo.
*panela em Portugal é sempre mais alta do que larga, se não chama-se tacho.

Caldeirada Portuguesa do B
- 1 kg de peixe (viola)
- 1 kg de camarão
- 1 kg de lulas
- 1 kg de mexilhão
- 1 kg tomate
- 1 kg de cebola
- azeite, sal, pimenta do reino, cheiro verde, caril, orégano, limão
- Pão italiano ou outro pão consistente

Tempere o peixe e os frutos do mar com limão, sal, alho e pimenta do reino; cubra o fundo da panela com azeite e disponha as camadas de cebola, tomate e peixe alternadamente; junte o cheiro verde amarrado com um nó pelo meio das camadas; cozinhe tudo em fogo alto, até o tomate estar bem cozido. Corrija o tempero, e junte os camarões e lulas rapidamente, deixando ferver só até mudarem de cor. Sirva sobre fatias grossas de pão.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Agatha Christie e as Recordações


Sempre admirei a capacidade que algumas pessoas têm de ler e selecionar citações para dividir com os amigos. Eu adorei esta, que a minha amiga Mme I encontrou na autobiografia da Agatha Christie:

"Para mim a vida parece consistir em três partes: o atarefado e normalmente agradável presente, que corre de minuto em minuto a uma velocidade fatal; o futuro, vago e incerto, para o qual podemos fazer alguns planos interessantes, quanto mais loucos e improváveis melhor, já que, como nada vai se passar como esperamos, podemos divertir-nos à vontade planejando; e, em terceiro lugar, o passado, as recordações e realidades que são o substrato da nossa vida presente, trazidos de volta de repente por um aroma, o formato de um morro, uma antiga canção - uma banalidade qualquer que nos faz dizer de repente "isso lembra-me..." com um estranho e inexplicável prazer. Essa é uma das compensações que a idade nos traz, e certamente uma das mais agradáveis: recordar".

Ler a autobiografia de Agatha Christie também foi, para mim, um estranho e inexplicável prazer. Recomendo!

sábado, 3 de outubro de 2009

Orlando e a Tecnologia



"A própria tessitura da vida, ela pensou enquanto subia, agora é mágica. No século XVIII nós sabíamos como tudo funcionava; mas aqui eu subo pelo ar; eu ouço vozes na América; eu vejo homens voando - mas como isso é feito eu não consigo nem começar a imaginar. Então a minha crença em mágica voltou..."
                                                         Virginia Woolf em "Orlando"

Através da sua personagem, Orlando, que viveu através dos séculos, testemunhando mais ou menos a mesma quantidade de inovações tecnológicas que cada um de  nós presencia em poucos anos, Virgínia Woolf expressa a sua perplexidade diante de uma coisa simples como um elevador. Sempre me incomodou usar coisas que eu não entendo completamente como funcionam, mesmo depois de ter estudado tanta física na  universidade. Um dia desses esse incômodo que eu sempre tive foi atiçado por um artigo de Juliana Carpanez (do G1), "Mitos e verdades sobre baterias de notebooks e celulares". Parece que não somos só Orlando e eu que temos essa perplexidade diante da tecnologia, muita gente tem muitas dúvidas sobre o funcionamento das coisas, criando assim esses mitos. Seguem abaixo alguns exemplos:

- Toda bateria deve ter sua carga usada até o final para, então, ser recarregada: MITO

- Se a bateria for carregada antes de chegar ao fim, sofrerá o efeito memória: precisará de mais carga antes mesmo que a energia armazenada chegue ao fim: MITO

- Nunca posso parar de carregar um eletrônico antes de a carga chegar a 100%:VERDADE

- A bateria do notebook não pode ser guardada completamente sem carga: VERDADE

- O ideal é que o eletrônico seja carregado quando está desligado: MITO

Vale a pena ler o artigo todo, no link:

http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL1312410-6174,00.html