sábado, 28 de novembro de 2009

Bill Bryson e o Último Dodo


Alguns anos atrás passei por um "sebo" (loja de livros usados) e um livro chamado "Notes from a Small Island" (Crônicas de uma Pequena Ilha) chamou a minha atenção. O título era interessante, e o dono anterior, John Smith, tinha esquecido dentro dele um cartão de embarque para a cidade do México. Achei curioso e não resisti à tentação de comprar o livro, e tive o prazer de conhecer a prosa engraçada e inteligente de Bill Bryson. Depois procurei o autor na internet e descobri que ele é um dos escritores mais populares na Inglaterra, "mais popular até que os Beatles", o que deve ser um pouco de exagero. Bill Bryson escreveu vários relatos de viagens, e livros sobre curiosidades da língua inglesa, entre outros temas, todos escritos com humor e leveza. Bill consegue nos deixar com curiosidade de visitar lugares totalmente inssossos como Bristol, além de nos fazer dar boas risadas, o que por si só já vale a leitura.
Um dos melhores livros de Bill Bryson é A Short History of Nearly Everything "Uma Breve História de Quase tudo", que ganhou o prêmio de melhor livro de divulgação científica do ano de 2004, que trata desde temas como o Big Bang e as bactérias que habitam o nosso corpo, até a extinção dos pobres Dodos, aves "doudas"ou "doidas"que habitavam as ilha Mauricius até meados do séc XVIII.
O último especimen (empalhado) de dodo que restava no mundo, estava mofado e foi jogado desdenhosamento no fogo  pelo diretor do Museu de Oxford em que estava exposto. Essa foi a última das indignidades que essa espécie sofreu, depois de ser extinta pelos animais de estimação de marinheiros que passavam pelas ilhas. Os pobres dodos não tinham medo de seres humanos, eram naturalmente curiosos e não eram bons corredores, então quando descobriam o perigo já era tarde demais. Ah,  e eles nem sequer eram saborosos, coitadinhos.


(O que muitos ornitólogos não sabem, é que o Dodo na verdade era uma espécie muito avançada, que vivia pacificamente sozinha, até que no século XVII foi aniquilada pelo homem, ratazanas e cães. Como de hábito) 

domingo, 22 de novembro de 2009

Mais uma Campanha de Doação de Medula Óssea

















Para dar início às comemorações da Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e a Fundação do Câncer promovem a 1ª Corrida e Caminhada Com você, pela vida – Doe medula óssea. O evento será no dia 13 de dezembro, às 8h30, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro. A previsão é reunir 2.000 participantes.

O Hemorio estará no local com sua unidade móvel para fazer a captação de doadores. 

Mais informações nos sites:

Com Você, pela Vida
INCA - Doação de Medula Óssea

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A Lagosta Elegante




A salada acima foi preparada pelos meus amigos Mr C. e Mr W., e enfeitada com flores de capuchinha - flores comestiveis que podem ser encontradas em algumas feiras livres do Rio de Janeiro. Como não tenho a receita, publico aqui uma outra, do livro O Cozinheiro dos Cozinheiros (1905):

Lagosta à Americana

Prólogo

Escolha uma lagosta airosa, das melhores,
Depois deite-lhe a mão à casca, com firmeza,
E se ela se puser a estrebuchar com dores,
É coração ao largo! Arme-se de destreza,
E em plena vida quanto a sinta a resfolegar
Zás! Retalhe sem dó o cardeal do mar.

Receita

Deite
Cada um por sua vez no azeite
Os pedaços ainda palpitantes,
Um tudo-nada de alho bem pisado,
Pimenta, sal, temperos abundantes,
Vinho branco bom e tomate;

Deixe
Que isso fique bem apurado
E que avive ainda o escarlate
Da linda túnica do peixe;

Mais ou menos para cozê-lo
Uns bons trinta minutos conto,
Um pouco de cayena e gelo
Para rematar bem e... pronto.

Molho de chorar por mais
Que as volúpias sensuais
Tantas nasçam dele e tanto
Que façam danar um santo!

Epílogo

Com este ideal e pérfido pitéu,
Capaz de dar espírito a um sandeu,
Não há beleza arisca, está provado,
Por mais forte que seja e resistente,
Que não sucumba fatalmente
Em gabinete reservado...

Charles de Monselet - versão de Jayme Victor

 

(Ilustração de Sir John Tenniel para "Alice no País das Maravilhas")


terça-feira, 17 de novembro de 2009

Por Que Eu Odeio Gatos



(tradução: eles nunca parecem contentes; as garras deles são horríveis; eles nunca vão salvar você; não fazem gracinhas; deixam a sua casa fedendo muito; não querem brincar com você; matam bebês; são molengões)

Mentira! Na verdade eu sou uma ailurófila apaixonada. Convivo com dois gatinhos, Sr. B. e Sr. F., que raramente querem brincar comigo, mas são muito meigos e bonzinhos. Mas não resisti ao traço aparentemente simples e ao humor de Natalie Dee, uma excelente cartunista que eu encontrei numa das minhas randonées pelo cyberespaço.

(eu odeio você)

 

Na mesma veia de humor anti-gato, o site My Cat Hates You também merece uma visita. Tudo começou com um site onde as pessoas postavam fotografias dos seus gatos em poses nada fofas, mostrando os dentes, garras, fazendo malcriação, dormindo em lugares impróprios, etc. O site tornou-se popular, e rendeu pelo menos um livro, já traduzido para português:


(capa do livro de Jim Edgar)



sábado, 14 de novembro de 2009

A Arte de Caroline Alexander e a Lei da Mamografia

Acabei de ler o excelente livro "The Bounty: The True Story of the Mutiny on the Bounty" (O Bounty: A Verdadeira História do Motim no Bounty) por Caroline Alexander (não confundir com a campeã olímpica de ciclismo). Caroline Alexander escreve no National Geographic, New York Times e outras publicações prestigiosas. A característica mais marcante da sua prosa é reescrever a história a partir de fontes primárias, tentando chegar o mais próximo possível da verdada através das versões dos diversos personagens envolvidos.

Ela escreveu vários livros de divulgação de História, entre eles o divertido relato do gatinho do Endurance, de que eu falei no post de 20 de setembro. Alguns foram traduzidos para Português.

Enquanto eu lia o livro e refletia sobre como uma mesma história, vivida por diversas testemunhas e amplamente relatada e discutida na sua época, pode ser interpretada de diversas formas, tomei conhecimento da existência da Lei Federal 11.664/2008, que faculta a todas as mulheres brasileiras de 40 a 49 anos o direito de fazer mamografias gratuitamente pelo SUS. Essa lei tem sido interpretada erroneamente de várias formas e tem gerado bastante confusão. O INCA divulgou uma nota esclarecedora, leia no link abaixo para se informar, porque você ainda pode se tornar vítima de interpretações equivocadas dessa lei:



(quadro de autor desconhecido - Séc. XVI - Louvre)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Azeitonas Opiparamente Temperadas


Ingredientes
200g de azeitonas Pretas
1 pitada de sal
1 fio de azeite
1 pitada de pimenta do reino
1 pitada de pimenta calabresa
1 pitada de orégano ou mistura portuguesa (veja o "post" de 12 de setembro)
1 dente de alho picado bem fino, ou o equivalente em alho desidratado
1 pouco de lasquinhas de casca de limão cortadas com uma faca bem afiada, sem a parte branca

Escorra o líquido e lave as azeitonas. Coloque todos os temperos, junto com as azeitonas, num frasco de vidro grande com tampa. Sacuda bem o vidro para misturar bem os temperos. Se precisar, coloque mais um pouco de azeite para espalhar melhor.
Se não gostar de pimenta, pode fazer sem ela, o toque especial desta receita é a casca de limão e os outros temperos. O sal é imprescindível, mesmo que as azeitonas estejam salgadas por dentro, para deixar uns grãozinhos na superfície, agarrados no azeite. Pode ser só uma pitadinha mesmo.


Azeitonas temperadas à moda do Velho Abreu  conforme receita da Abuelita


domingo, 8 de novembro de 2009

A Insustentável Leveza do Peixe

ou O Peixe Assado da Minha Mãe

Vá à feira ou mercado de peixe mais próximo e peça um peixe bom para assar, com pelo menos 1,2 kg. Só não pergunte ao vendedor "Esse peixe tem espiiiinhas???", porque ele provavelmente vai responder "Não, esse é invertebrado" e impingir-lhe uma corvina podre.
Escolhido o peixe, que pode ser um pargo, cherne, vermelho ou outro recomendado pelo seu vendedor de confiança, peça para preparar para assar, o que significa retirar as vísceras e escamas deixando o peixe inteiro e com a pele.

Lave bem o peixe e verifique se ele foi bem limpo, tempere com sal e limão, e coloque numa assadeira (de cerâmica ou vidro, que possa ir ao forno e à mesa) untada com um pouco de margarina. Recheie a barriga do peixe com pedaços de cebola, uns dois dentes de alho cortados em pedaços, um ramo de alecrim, um de salsa e um de cebolinha, ou outros da sua preferência. Espalhe algumas rodelas de cebola por cima do peixe, polvilhe com colorau, um fio de azeite e mais um pouco de sal (para temperar as cebolas), e leve ao forno médio. Prepare um molho para regar o peixe com 1 parte de vinho branco para duas de água, e um pouco de sal. Se não tiver vinho pode usar um jato de vinagre ou um pouco de suco de limão, diluidos em água e sal. Use esse molho para manter o fundo da assadeira molhado, sem queimar.
Em paralelo, cozinhe algumas batatas inteiras em água e sal, retire a casca e corte em rodelas de 1cm de espessura. Quando o peixe estiver quase pronto, disponha as batatas em volta dele na assadeira e deixe mais uns 10 minutos no forno. Acompanhe com arroz de amêndoas e passas, salada, ou verduras cozidas.
Este prato fica muito leve, tenha um plano B, porque poucas horas depois a fome volta!

sábado, 7 de novembro de 2009

Uma ideia leva a outra que leva a outra que leva a outra...


Ao vasculhar mais um expositor da editora gaúcha L&PM, que publica ótimos livros de bolso, nacionais ou estrangeiros em traduções primorosas, deparei-me com um exemplar de "Max e os Felinos", de Moacyr Scliar. Esse livro, já consagrado pelos fãs desse médico e escritor gaúcho, e traduzido para vária línguas, ganhou mais notoriedade depois do escritor canadense Yann Martel ganhar o prêmio Booker em 2002, com o livro "A Vida de Pi", que se inspirou na ideia central do livro de Scliar. Ambos partem de uma viagem solitária de um náufrago com um grande felino: um jaguar, no livro brasileiro e um tigre no livro canadense. Ambos têm grandes passagens sobre o medo e a solidão, embora o desenrolar das histórias seja bastante diferente.
Yann Martel reconhece que se inspirou na ideia de Scliar para escrever o seu livro, embora tenha lido apenas uma resenha, e é interessante ler os dois livros e observar a similaridade dos relatos imaginados pelos dois autores sobre os longos dias passados pelos seus protagonistas na companhia das respectivos feras.



Moacyr Scliar escreveu uma instigante discussão sobre o plágio na introdução à edição de bolso da L&PM do seu livro. Leia mais sobre os dois livros no arquivo do Estadão:

domingo, 1 de novembro de 2009

Confesso que sou uma Chata


Na semana passada a crônica da Martha Medeiros falava sobre os chatos. Li a crônica e me enquadrei em todas as categorias, parecia que ela estava falando de mim. Para ler a crônica na íntegra, acesse o link do Jornal de Santa Catarina:
http://www.clicrbs.com.br/jsc/sc/impressa/4,1147,2694128,13382

Leia a crônica e marque abaixo os itens em que você se enquadra. Se achar isso mais uma das minhas chatices, feche esta página e vá abraçar uma árvore, fritar um ovo, andar de bicicleta, sei lá...

O Chato...
( ) Ama demais
( ) É infantil demais
( ) Leva muito tempo para contar algo que lhe aconteceu
( ) Fica horas no telefone
( ) Leva-se a sério além do razoável
( ) Ocupa o tempo dos outros com histórias que não são interessantes
( ) Pergunta: lembra-se de mim?
( ) Começa frases com "adivinha"
( ) Conta sonhos
( ) Estiiiiica as letras das palavras e escreve (rsrsrsrs) no final das frases

Eu tirei nota 10, e você? (rsrsrsrs)