domingo, 12 de maio de 2013

Abaixo a Ditadura dos Números!


Neste nosso mundo pós-bi-milenar e muito moderno, uma coisa que me faz espécie é a tirania dos números. Televisão de 30 polegadas (quanto é uma polegada mesmo?), azeite com 0.5% de acidez, vinho com 14% de alcool, Cocacola Zero, lençóis de 200 fios por polegada (mais uma vez, quem sabe quanto é uma polegada?), máquinas de café de 19 bares, café 100% Arábica, chocolate 85% cacau, e outros objetos e alimentos indispensáveis para a nossa saúde e bem estar são medidos por números, dos quais a maioria das pessoas, e nela eu me incluo, desconhece completamente o significado. E, para mais me espantar, cada vez as pessoas têm menos intimidade com os números e fazem escolhas muito melhores baseadas na intuição, como demonstra Jonah Lerer no seu excelente livro "Como Decidimos", no qual ele mostra e relata experimentos que mostram que o excesso de informações irrelevantes nos faz tomar decisões insensatas.
Na faculdade em que eu tive o privilégio de estudar e conviver com excelentes professores, aprendi a confiar nas evidências científicas, a embasar o pensamento em fatos, lidar com conceitos como acurácia e precisão, e desconfiar de qualquer tipo de pseudo-ciência baseada em opiniões e não em evidências. 
Então por que de repente me deu este rompante de aversão pela matemática? Na verdade não é aversão pela matemática, mas por fatos supostamente incontestáveis embasados em números incompreensíveis com que nos bombardeiam sistematicamente os meios de comunicação. Será que importa mesmo se a pressão da máquina de café é maior do que 15 bar? Quanto é um bar mesmo? E se eu gostar mesmo de café mal torrado e fervido com açúcar cristal, coado naqueles coadores de flanela que já não se encontra mais?