sábado, 9 de dezembro de 2017

Um lugar chamado fundo do poço

Na vida há momentos de dor indizível. A morte de uma pessoa querida é o maior exemplo. Não tem volta, não tem explicação, não há racionalidade que possa amenizar o sofrimento. Admiro, mas não consigo entender, quem não chora ao perder um filho e ainda por cima perdoa o assassino. Para mim essas pessoas são mais esquisitas do que qualquer extra-terrestre. Não tenho nada contra, só não acho humano.

Há outras perdas menores e menos irremediáveis, mas também horríveis, como a perda do emprego. Eu perdi o meu há um ano, e ainda não consegui assimilar o golpe. É injusto e cruel.
Há quem diga que você precisa se reinventar, como se para começo de conversa você tivesse se auto-inventado, e ainda por cima esse ser que você supostamente criou fosse um lixo.
Nos últimos tempos no antigo emprego parecia que eu estava em um trem em alta velocidade, que não parava em nenhuma estação. Só podia me atirar ao abismo ou ir até à estação final.
Apesar de tudo, tentei ver alguns aspectos positivos. Fiz até uma lista.

Eu ia publicar essa lista no dia do meu aniversário de desemprego, mas de alguma forma não me senti confortável. Uma jornalista que eu admiro postou numa rede social um texto de uma conhecida dela que também tinha perdido o emprego. Eu esperava um texto mais inteligente, mas era o mesmo parlapatório de sempre sobre se reinventar e ainda se gabava de ter conseguido outro emprego através de indicação de amigos, e não pela sua competência, ou através de algum processo de seleção minimamente justo (se é que isso existe).  Então a minha lista de positividades caiu por terra e comecei a elaborar uma nova na minha cabeça. Segue a lista positiva, e a lista negra.

  1. Descobrir quem são os verdadeiros amigos, e fazer novos;
    (descobrir que pessoas que você considerava amigas agora fogem de você, como se desemprego fosse uma doença contagiosa)
  2. A ajuda das pessoas, nem que seja apenas ouvindo o que você tem a dizer;
    (pessoas que você ajudou no passado nem querem saber de você, e ainda riem da sua situação)
  3. Afastar-me do ambiente tóxico de uma empresa em declínio;
    (era tóxico, mas servia para pagar as contas no fim do mês)
  4. Levar a vida mais devagar e com menos consumismo;
    (mas às vezes dá uma saudade de fazer umas comprinhas...)
  5. Comer em casa;
    (só que agora eu tenho que fazer a comida - e o orçamento é limitado)
  6. Lavar a louça (sim, eu gosto);
    (isso eu realmente não me importo)
  7. Dormir até mais tarde, se quiser;
    (sintoma de depressão?)
  8. Usar roupas e sapatos mais simples e confortáveis;
    (não vou a lugar nenhum mesmo...)
  9. Voltar a estudar;
    (isso é realmente bom; sempre quis, mas não tive tempo: estava sempre ocupada demais)
  10. Voltar a escrever no blog.
    (isso também seria bom, mas na realidade não escrevi quase nada no ano que passou; estava ocupada demais tentando juntar os cacos da minha vida)

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Bojardas e Gatafunhos

Quero voltar a escrever. A minha proposta é tentar escrever mais e melhor, e com propósito. Leio sempre e muito, desde artigos postados no Facebook, até livros de filosofia, e confesso que tenho muita inveja de pessoas como a Cora Ronai, o Luciano Pires, a Maria Popova e tantos outros que parecem ter sempre o que dizer. Andei lendo sobre escritores, e uma das coisas que aprendi é que para escrever o mais importante é sentar-se na frente do computador e... escrever. Em outro lugar li que para se tornar um expert em alguma coisa é necessário dedicar pelo menos 10.000 horas a essa atividade. Então, desculpem-me meus pobres seguidores, mas eu estou começando as minhas 10.000 horas!
E aguentem também os meus desenhos feitos no aplicativo Paper 53. Estou começando também as minhas 10.000 horas de desenho. Já devo ter umas 5 ou 6 horas no Paper, e umas 20 aqui no blog, então preparem-se para ler muitas bojardas e ver muitos gatafunhos. Para quem não sabe, bojarda é uma grande burrice dita por alguém na hora errada, e gatafunho é um rabisco sem significado, ilegível. Daqui a 10.000 horas espero que as bojardas se tornem interessantes e os gatafunhos tenham alguma espécie de beleza.