Estátua de Platero por Leon Ortega, no museu J.R. Jiménez (Moguer, Espanha) - wikipedia
Durante uma curiosa estadia em Buenos Aires, em uma das incontáveis livrarias da cidade, deparei-me com duas pequenas jóias da literatura: Os Tigres Azuis de Jorge Luis Borges (
link para o texto em espanhol) e Platero y Yo, de Juan Ramon Jimenez (
link para o texto em espanhol). Borges eu já conhecia, e muita influência teve na minha juventude e formação. Já os poemas em prosa do poeta andaluz eram completamente desconhecidos para mim, e mais uma vez fui surpreendida pelo tamanho da minha ignorância: o homem ganhou o prêmio Nobel de literatura! Não sei como esse poema que já foi traduzido diversas vezes para o português me passou despercebido por tanto tempo. Talvez esteja 
demodé, sei lá. Esse pequeno livro dedicado às crianças, surgiu agora numa nova edição bilingue:
Já estava há algun tempo pensando em divulgar este livro no meu 
blog, quando vi esta edição em destaque na vitrine de uma livraria perto de casa. Coincidentemente o Globo publicou hoje uma matéria sobre a falta de água encanada nas zonas rurais do Brasil, e conta o drama de uma família em que as crianças saíram da escola devido às diarreias constantes e ao cansaço de carregar água em baldes, perdendo assim a única fonte de renda de todos, o bolsa-família. "Depois da sede, a fome". A reportagem é ilustrada com a foto de uma das crianças carregando um burrinho ao colo, talvez na esperança de que o burrinho um dia possa carregar a água para eles e assim possam voltar a estudar. Como dizia o meu pai, a humanidade não mudou nada. O livro, de 1914, continua mais do que atual, o paralelo entre a pobreza da Andaluzia no início do século passado e alguns recantos do Brasil em pleno século XXI é evidente.
(fonte: revista Cult)