quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Alma Mater

Recentemente foi convidada a dar uma palestra na UFRJ, a minha Alma Mater. Há  mais de 25 anos que não ia lá. Às vezes passo pela entrada do Campus, mas nunca mais tinha entrado.
Foi num desses dias quentes do fim da primavera, em que o calor já prenuncia o Verão. Adoro esses dias. Parece que a Natureza e as pessoas estão com uma vivacidade especial. Fala-se mais alto, usa-se roupas mais coloridas, parece que há muita energia no ar.
Achei as árvores do Campus do Fundão mais altas - claro - depois de tantos anos! Os gramados também estavam mais verdes, por causa das chuvas recentes, e o prédio estava pintado e bem conservado. Também há muito mais carros do que na época em que eu estudei, sinal dos tempos. Procurei o Alfa-Romeu azul da Maria Cláudia no estacionamento, mas não estava mais lá...
A faculdade estava efervescente, cheia de vida. Os professores  atarefados com a semana de palestras, os estudantes fazendo os exercícios de Desenho Técnico Geológico (as mesmas dobras que eu desenhei?), rapazes de bermudas e moças de vestidos longos e cabelos desgrenhados, com a beleza que só a juventude confere.

sábado, 20 de julho de 2013

A Igreja da Rússia

Abandoned Church in Uvarovskoe: clique aqui para ver em 360º

 
Um dia destes estava procurando a cidadezinha de um colega russo que me deu um imã de geladeira com a imagem da catedral e o nome da cidade, e encontrei esta fotografia de uma igreja abandonada. Olhei, rodei os 360 graus da fotografia, fechei e desisti de procurar a cidade do meu colega.
Mas a fotografia da igreja não me saiu mais da cabeça e voltei a procurá-la no Google. O que levou as pessoas a arranjar um altar com tanto esmero no meio dessas ruínas? Na época do comunismo, seria um local de culto clandestino? E mesmo com os ares da liberdade, as pessoas mantiveram o local secreto? Ou houve um massacre e é uma homenagem às vítimas? Ou um milagre? Pensei pedir mais informações aos meus amigos russos mas, pensando melhor, decidi não fazer isso e manter esse pequeno mistério, que compartilho aqui com os meus fiéis seguidores.

sábado, 1 de junho de 2013

Os Mestres dos Mestres dos Mestres dos...

Cherubini - do Grande Mestre Rafael


Um dos efeitos colaterais de correr por aí é encontrar pessoas. Pessoas conhecidas, quero dizer. Recentemente encontrei dois grandes mestres da minha vida: Rudolph Trouw e Miro.
Rudolph foi um professor da Faculdade de Geologia da UFRJ, e grande exemplo, modelo e ídolo de várias gerações de alunos. Não era nenhum carrasco, mas também não era dos mais 'bonzinhos', conseguia transmitir os seus conhecimentos de forma instigante, e fazia das rochas metamórficas um dos assuntos mais interessantes de toda a Geologia, uma matéria que, chegada a hora, nos fazia sentir como se finalmente nos estivéssemos tornando verdadeiros geólogos.
Miro (não sei o sobrenome dele e desconfio que ninguém sabe) foi um professor de Judô. Até hoje respeitadíssimo no meio, um verdadeiro "Grande Mestre". Ele era imbatível, dificilmente um aluno, mesmo os mais avançados faixa-preta, conseguia derrubá-lo num Randori, e era uma grande honra treinar com ele. Ele conseguia ensinar Judô para alunos extremamente avançados, com ênfase nos fundamentos do 'Caminho da Suavidade', a verdadeira essência desse esporte. Ele teve sérios problemas de coluna na sua juventude, mas conseguiu superá-los e tornar-se um grande campeão, talvez daí viesse a sua preocupação em ensinar a forma mais elegante de executar cada movimento, com a postura correta, sem maltratar a coluna.
Houve muitos outros, a quem sou muito grata, como Joel Valença, Colin Reeves, a querida Tutuca, entre muitos outros, além de colegas de trabalho mais experientes (e às vezes menos), a quem devo muito, mas foi uma coincidência e uma alegria muito grandes encontrar o Miro e o Rudolph no mesmo dia. Obrigada!

domingo, 12 de maio de 2013

Abaixo a Ditadura dos Números!


Neste nosso mundo pós-bi-milenar e muito moderno, uma coisa que me faz espécie é a tirania dos números. Televisão de 30 polegadas (quanto é uma polegada mesmo?), azeite com 0.5% de acidez, vinho com 14% de alcool, Cocacola Zero, lençóis de 200 fios por polegada (mais uma vez, quem sabe quanto é uma polegada?), máquinas de café de 19 bares, café 100% Arábica, chocolate 85% cacau, e outros objetos e alimentos indispensáveis para a nossa saúde e bem estar são medidos por números, dos quais a maioria das pessoas, e nela eu me incluo, desconhece completamente o significado. E, para mais me espantar, cada vez as pessoas têm menos intimidade com os números e fazem escolhas muito melhores baseadas na intuição, como demonstra Jonah Lerer no seu excelente livro "Como Decidimos", no qual ele mostra e relata experimentos que mostram que o excesso de informações irrelevantes nos faz tomar decisões insensatas.
Na faculdade em que eu tive o privilégio de estudar e conviver com excelentes professores, aprendi a confiar nas evidências científicas, a embasar o pensamento em fatos, lidar com conceitos como acurácia e precisão, e desconfiar de qualquer tipo de pseudo-ciência baseada em opiniões e não em evidências. 
Então por que de repente me deu este rompante de aversão pela matemática? Na verdade não é aversão pela matemática, mas por fatos supostamente incontestáveis embasados em números incompreensíveis com que nos bombardeiam sistematicamente os meios de comunicação. Será que importa mesmo se a pressão da máquina de café é maior do que 15 bar? Quanto é um bar mesmo? E se eu gostar mesmo de café mal torrado e fervido com açúcar cristal, coado naqueles coadores de flanela que já não se encontra mais?




domingo, 21 de abril de 2013

Livros, livros e mais livros!

Real Gabinete Português de Leitura - Rio de Janeiro
 
Num mundo cada vez mais complicado, onde a hipocrisia anda de mãos dadas com o stress, cada vez mais precisamos de refletir sobre o que nos motiva a continuar... Hoje li um artigo sobre um comercial da Volkswagen que foi censurado por grupos de "gatófilos", que se indignaram porque havia associação de gatos pretos e azar. Como se isso fosse alguma novidade.
A gigante Volks curvou-se à censura e retirou o comercial. Nada contra os gatófilos, muito menos os gatos pretos, eu mesma convivo com um, o Sr. B., há mais de 17 anos, mas assusta-me pensar que não se pode mais brincar com a associação entre gatos pretos e falta de sorte...
Revolta-me o pouco apreço que muita gente tem pela liberdade de expressão, principalmente quando ela contraria as suas convicções do momento, seja proteção aos animais, orientação política, religião, ou seja lá o que for. E se esquecem que as ideias sempre progrediram em cima dos alicerces do passado,  e que os antigos não eram tão burros como alguns moderninhos gostam de fazer parecer, e que algumas ideias moderninhas são bem mais antigas que os atuais formadores de opinião gostam de nos impingir.

Remédio para isso: Livros, livros e mais livros!