terça-feira, 26 de julho de 2022

Palavras, palavras, palavras!

Nuvem criada usando wordclouds.com com as palavras mais frequentes nas últimas postagens deste blog

Algumas palavras sempre me fizeram espécie... inovações que não parecem acrescentar nada à língua, ao contrário, parece que a empobrecem: "providenciar" é um exemplo. Por que não dizer "tomar uma providência", se for o caso, ou discriminar melhor o que vai ser feito: buscar, encomendar, pedir, comprar... o meu pai gostava de levar o hábito de inventar palavras por pura preguiça a extremos engraçados, como a palavra "pequenalmoçar", que quer dizer tomar o pequeno almoço, que é como se chama o café da manhã em Portugal.

A seleção natural acaba sumindo com as palavras inúteis e ficando com as que contêm alguma nuance de significado e assim enriquecem a língua. São como os seres vivos: as mais fracas estão fadadas à extinção.

Em inglês há a expressão "gaslighting" que veio de uma peça de teatro que resultou num filme ótimo com a Ingrid Bergman fazendo o papel da vítima do marido manipulador. Gaslighting é uma forma de abuso psicológico em que uma pessoa sistematicamente engana a outra para fazê-la acreditar que está ficando maluca. Essa expressão foi importada para o português, e não conheço palavra equivalente que a substitua.

Outra palavra que foi incorporada recentemente ao vocabulário no Brasil foi femininicídio, o assassinato de mulheres por motivos ligados ao fato de elas serem mulheres. Inicialmente parecia um pouco excessivo diferenciar os assassinatos dessa forma, até que a enxurrada de casos que aparecem diariamente na imprensa me fez ver que é uma palavra  necessária e importante, que infelizmente parece que veio para ficar.

Há palavras que espero que desapareçam rapidamente, como icônico, usado para descrever as coisas menos icônicas possíveis, como perfumes, pratos de restaurantes, músicas e até sapatos. Parece que qualquer coisa memorável passou a ter um significado religioso, como se o filé com fritas de algum restaurante antigo fosse digno de culto e adoração.

E nem falo de palavras antigas usadas com significados equivocados, como assertividade, que cada vez mais vem sendo usada como se tivesse alguma relação com acerto.