sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ceviche para Iniciantes

Ingredientes principais

Não entendo por que no Rio de Janeiro, cidade onde até crianças de 3-4 anos já adoram sushi e sashimi, o Ceviche é tão pouco apreciado. Esse prato simples e saboroso é comum em quase toda a costa Pacífica da América do Sul e Central, do Chile ao México. Há versões em outros países, como o Gravlax dos países nórdicos.
Segue a receita: pegue um bom pedaço de algum peixe de carne consistente, dos mesmos que servem para fazer sushi e sashimi e corte em pequenos paralelepípedos de cerca de 2 x 3 x 4 centímetros. Disponha os pedaços de peixe em uma tigela ou saladeira grande. Polvilhe com sal e regue com suco de limão, vire delicadamente os pedaços, polvilhe e regue do outro lado. Não deve ser mexido.  Tempere com pimenta do reino, salsa e pimenta vermelha. Cubra com fatias bem finas de cebola, de preferência roxa, e tempere a cebola também com sal, limão e pimenta. Seja generoso no sal, ou fica sem gosto de nada, lembre-se que os pratos japoneses são regados a shoyu, que é bastante salgado. Deixe marinar na geladeira por cerca de 1 hora.
Se não quiser que fique muito apimentado, use pimenda dedo-de-moça livre das sementes e partes brancas. Sirva acompanhado de batata-doce cozida em água e sal, ainda morna. O contraste entre o sabor doce e a temperatura da batata e o ácido, sal e gelado do ceviche são fundamentais.
Dica: antes de manusear as pimentas, passe azeite ou óleo de cozinha nas mãos, a pimenta fica retida nesse óleo e sai toda quando você lavar as mãos.
Atenção: nem todos os peixes devem ser consumidos crús, e na verdade o limão não cozinha realmente o peixe, somente desnatura as proteínas da superfície.


Ceviche pronto

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sousa Lopes - Um pintor português nas trincheiras

Destruição de um obus - 1925, óleo sobre tela, 470 x 298 cm,
Museu Militar, Sala da Grande Guerra, Lisboa, Portugal


Vejam o link para matéria do jornal Público:

domingo, 5 de setembro de 2010

Os Tigres Azuis e o Burrinho

Estátua de Platero por Leon Ortega, no museu J.R. Jiménez (Moguer, Espanha) - wikipedia

Durante uma curiosa estadia em Buenos Aires, em uma das incontáveis livrarias da cidade, deparei-me com duas pequenas jóias da literatura: Os Tigres Azuis de Jorge Luis Borges (link para o texto em espanhol) e Platero y Yo, de Juan Ramon Jimenez (link para o texto em espanhol). Borges eu já conhecia, e muita influência teve na minha juventude e formação. Já os poemas em prosa do poeta andaluz eram completamente desconhecidos para mim, e mais uma vez fui surpreendida pelo tamanho da minha ignorância: o homem ganhou o prêmio Nobel de literatura! Não sei como esse poema que já foi traduzido diversas vezes para o português me passou despercebido por tanto tempo. Talvez esteja demodé, sei lá. Esse pequeno livro dedicado às crianças, surgiu agora numa nova edição bilingue:

Platero e Eu
Juan Ramón Jiménez
Trad.: Monica Stahel
Ilustr.: Javier Zabala
WMF Martins Fontes
296 págs.

Já estava há algun tempo pensando em divulgar este livro no meu blog, quando vi esta edição em destaque na vitrine de uma livraria perto de casa. Coincidentemente o Globo publicou hoje uma matéria sobre a falta de água encanada nas zonas rurais do Brasil, e conta o drama de uma família em que as crianças saíram da escola devido às diarreias constantes e ao cansaço de carregar água em baldes, perdendo assim a única fonte de renda de todos, o bolsa-família. "Depois da sede, a fome". A reportagem é ilustrada com a foto de uma das crianças carregando um burrinho ao colo, talvez na esperança de que o burrinho um dia possa carregar a água para eles e assim possam voltar a estudar. Como dizia o meu pai, a humanidade não mudou nada. O livro, de 1914, continua mais do que atual, o paralelo entre a pobreza da Andaluzia no início do século passado e alguns recantos do Brasil em pleno século XXI é evidente.

(fonte: revista Cult)

domingo, 15 de agosto de 2010

1001 comidas para comer antes de morrer (sem sair do Rio de Janeiro) - parte II

Jabuticaba - foto do site http://whenawesomecalls.blogspot.com

Parece que está na moda! A matéria de capa da Veja Rio desta semana é "101 delícias cariocas: os principais chefs da cidade escolhem os pratos, petiscos e sobremesas que são a cara do Rio". Continuo aqui a minha lista, incluindo no tópico "Jabuticaba" a indicação do sorvete do Mil Frutas publicada nessa matéria.

11 - Jabuticaba

Seus frutos pequenos crescem diretamente no tronco da árvore. Têm casca negra e polpa branca aderida à única semente, e são consumidos principalmente in natura, ou na forma de geléia, suco, licor, aguardente, vinho e vinagre. É uma das árvores frutíferas mais cultivadas, desde o Brasil colônia, em pomares domésticos. A jabuticaba ode ser encontrada in natura em feiras e supermercados, e também na forma de geléia, sozinha ou misturada com amora-preta. O sorvete de jabuticaba do Mil Frutas, na Rua J.J. Seabra, no Jardim Botânico, foi indicação da Veja Rio desta semana.

12 - Manjubinha

A manjuba (Anchoviella lepidentostole), algumas vezes confundida com a piaba, é um pequeno peixe que habita as zonas mais superficiais dos oceanos tropicais. Atinge, no máximo, cerca de 12 cm de comprimento. No Rio de Janeiro, a manjubinha, passada inteira por farinha de trigo e frita, é tradicionalmente servida em botequins, acompanhada de cerveja bem gelada.

13 - Quinua

A quinua é um grão utilizado há milênios pelas culturas Andinas e é hoje reconhecida pelo seu alto valor nutritivo e funcional. Na tradicional cultura dos Incas era conhecida como "Alimento Sagrado" ou "Mãe de todos os grãos", e foi consumida durante séculos como base da alimentação diária. A quinua pode ser cozinhada como o arroz (duas partes de água para uma parte de grãos) e pode ser usada como base para saladas, ou simplesmente como acompanhamento das refeições. (fonte: embalagem de Quinua Real da marca Jasmine). Pode ser encontrada em qualquer loja de produtos naturais.

14 - Arroz preto

Redescoberto pela sua aparência exótica, este tipo de arroz é para ser consumido na forma integral, e possui aroma e sabor acastanhado, grãos muito macios após o cozimento, com excelentes qualidades nutricionais, se comparado aos tipos tradicionais. (do site http://www.arrozpreto.com.br). Pode ser encontrado em forma de salada em alguns restaurantes do Rio, ou cru em delicatessens, supermercados e lojas de produtos naturais.

15 - Castanha de Baru

A castanha de baru, quando torrada, tem sabor semelhante ao amendoim ou castanha de caju. Tem valor nutricional alto, e contém cerca de 26% de proteínas. Pode ser consumido inteiro ou para o preparo de receitas de doces típicos, como o pé-de-moleque e paçoquinha, ambos com rapadura, leite condensado e castanhas torradas. (fonte: http://www.slowfoodbrasil.com/). Na rede Hortifruti pode-se encontrar biscoitos de castanha de baru.

16 - Banana da Terra

A banana-da-terra é uma das 100 variedades de banana cultiváveis que existem na Terra. Atinge 30 centímetros de comprimento e 500 gramas. É achatada e, quando madura, tem a casca amarelo-escura com manchas pretas. A polpa, rosada e de textura compacta porém macia, é mais rica em amido do que em açúcar. O sabor adstringente da banana verde deve-se ao tanino. À medida que amadurece, a adstringência desaparece, embora o tanino continue presente na forma insolúvel. Mas a banana-da-terra continua adstringente por mais tempo, regredindo só quando a casca está quase preta. Nas bananas comuns também ocorre, com a maturação, a transformação do amido em açúcar. Tal fato não ocorre na mesma proporção com a banana-da-terra; por isso é só ligeiramente doce. Quando verde, pode ser cozida em pratos feitos com peixe ou carne. Fatiada fino, é ótima para fritar. Madura, pode ser usada como vegetal ou ingrediente de sobremesas. (fonte: portal Caras). Pode ser encontrada em feiras livres.

17 - Escarola

Por algum motivo que escapa à minha compreensão, esta verdura ligeiramente amarga, parecida com a chicória, é muito usada em pizzas. Foi conhecida e consumida pelos antigos egípcios, gregos e romanos. Tal como ocorreu com numerosas verduras e hortaliças, a escarola teve inicialmente uma utilização mais medicinal que culinária. Não obstante, na literatura egípcia, existem referências ao consumo desta verdura tanto cozida como crua em saladas. Pode ser encontrada em feiras e supermercados, e em algumas pizzarias do Rio de Janeiro (ex: Pizza Park).

18 - Mini-Berinjelas

A beringela é um legume muito apreciado pela sua beleza, bem como pelo seu sabor e textura única. As beringelas pertencem à família das plantas “Solanaceae”, e que são familiares do tomate, batata e pimentões.  beringela cresce de uma forma muito parecida com o tomate, pendurado a partir de uma planta que cresce a vários metros de altura. A mais popular variedade de beringela tem a forma de uma pêra oval, uma característica pela qual o seu nome é conhecido nos Estados Unidos (Eggplant). A pele é brilhante e de uma profundidade de cor púrpura, enquanto que a carne adquire uma consistência esponjosa. Contidas dentro da carne da beringela estão dispostas as sementes num padrão cônico. Para além da variedade roxa de beringela, também existem muitas outras variedades de cores, incluindo lavanda, verde jade, laranja, amarelo e branco, e de muitos outros tamanhos e formas, que vão desde um pequeno tomate a uma grande abobrinha. (fonte: www.alimentacaosaudavel.org). A mini-beringela pelo seu tamanho menor, presta-se à confecção de conservas e antepastos. Pode ser encontrada em feiras-livres e mercados.

19 - Açaí

A forma tradicional na Amazônia de tomar o açaí é gelado com farinha de mandioca ou tapioca. Há quem prefira fazer um pirão com farinha e comer com peixe assado ou camarão e mesmo os que preferem o suco com açúcar (ainda assim, bem mais grosso que qualquer suco servido no sudeste).  Nas demais regiões do Brasil, o açaí é preparado da polpa congelada batida com xarope de guaraná,  gerando uma pasta parecida com um sorvete, ocasionalmente adicionando frutas e cereais, o que não é bem visto pelos habitantes da região Norte, que encaram a mistura como um desperdício de açaí . Conhecido como açaí na tigela, é um alimento muito apreciado por frequentadores de academias e desportistas (fonte: wikipedia). Cuidado: é uma fonte de calorias sem igual! Meio copo de açaí misturado com xarope de guarané e banana fornece mais de 400 calorias. Pode ser encontrado em casas de suco e supermercados.

20 - Noz de Macadâmia
 
Único alimento nativo da Austrália conhecido internacionalmente, a noz macadâmia é empregada na fabricação de sorvetes, barras de chocolate e biscoitos e para dar um toque especial a sobremesas e a pratos salgados, como risotos e saladas. Também costuma ser servida como aperitivo, torrada, salgada ou caramelizada. Assim como outras amêndoas, é rica em ácidos graxos, antioxidantes que retardam o envelhecimento e protegem o sistema cardiovascular. (fonte: Folha online). Pode ser facilmente encontrada salgada e torrada, e em forma de sorvete, em supermercados, lojas de produtos naturais e sorveterias.

domingo, 8 de agosto de 2010

1001 comidas para comer antes de morrer (sem sair do Rio de Janeiro) - parte I

Physalis. Foto: wikipedia

No meu aniversário uma amiga, Mme C, deu-me um interessante livro, "1001 Comidas para Provar antes de Morrer", que me lembrou que muita gente passa por esta vida sem nem mesmo experimentar os alimentos disponíveis no próprio local onde mora. Por isso, vou começar uma lista de alimentos exóticos, ou nem tão exóticos mas pouco conhecidos ou pouco apreciados, que podem ser comprados nas feiras, supermercados, restaurantes e lojinhas do Rio de Janeiro.

Por favor, meus 26 fiéis seguidores, mandem sugestões!

Seguem os 10 primeiros:

1 - Physalis

Esta frutinha originária da Amazônia e dos Andes, é comum no Nordeste do Brasil, onde é conhecida como Camapu. Rica em antioxidantes e cheia de propriedades medicinais, o sabor desta fruta lembra um pouco o tomate-cereja, mas mais doce e frutado. Pode ser encontrada no Hortifruti e supermercados.

2 - Capuchinha

Fica linda enfeitando saladas verdes ou maionese de lagosta ou de camarão. O sabor desta flor comestível é levemente pícante, lembrando um pouco o do agrião. Os caules e folhas também têm propriedades medicinais. Pode ser encontrada em feiras livres.

3 - Bottarga

Também conhecido como o caviar do Mediterrêneo, as ovas de tainha salgadas e secas ao sol têm sabor forte de peixe e são deliciosas temperando saladas e molhos, ou simplesmente com torradas. No Brasil são produzidas em Santa Catarina, e podem ser encontradas em pratos típicos italianos ou vendidas separadamente em alguns restaurantes do Rio de Janeiro.

4 - Dobradinha

É a parede do estômago da vaca. Esta carne de textura e sabor inconfundíveis normalmente é servida com feijão branco, lombo e paio, acompanhada de arroz branco.

5 - Coalhada

Este parente do iogurte típico do interior do Brasil tem sabor menos menos ácido e as mesmas propriedades que o iogurte, ou seja, tem o cálcio e proteínas do leite, mas é de mais fácil digestão, por seu menor teor de lactose. Tem gostinho de coisa da fazenda, principalmente se for adoçada com mel.

6 - Queijo da Canastra

O queijo Canastra é um tipo de queijo brasileiro, originário da Serra da Canastra, onde nasce o Rio São Francisco, em Minas Gerais. De fabricação artesanal é um tipo de queijo minas curado. É produzido com o leite de vaca, tendo sabor diferenciado, obtido a partir dos pingos de água (soro) que escorrem do queijo ressecado com sal grosso, que são misturados ao leite da produção seguinte. Essa combinação dá sabor, textura e aroma a esse queijo. Pode ser encontrado em lindas embalagens de madeira, em supermercados e lojas de laticínios.

7 - Trilha

Esse delicioso e lindo peixinho cor de rosa pode ser encontrado nos mercados de peixe durante boa parte do ano. O seu sabor lembra o de camarão e outros crustáceos de que ele se alimenta. Fica uma delícia simplesmente frito ou grelhado na churrasqueira. O sabor delicado dispensa acompanhamentos elaborados, pode ser servido simplesmente com arroz branco e uma salada de alface e tomate.

8 - Flor de abóbora

Muito apreciada em todo a região  do Mediterrâneo, pode ser encontrada nas feiras-livres do Rio. Pode ser usada ligeiramente passada na manteiga, como recheio de omeletes, ou recheada de queijo e empanada. O sabor lembra o da própria abóbora mas é muito mais delicado.

9 - Taioba

Parece mais uma planta ornamental do que comestível. Cultivada há milhares de anos na China e no Egito, a taioba se parece com a couve, mas tem folhas maiores, mais largas e mais vistosas. A folha tem mais vitamina A do que a cenoura, o brócolis ou o espinafre. O preparo é simples. A taioba pode ser tratada como a couve: lavada, picadinha e refogada com cebola, torna-se um excelente acompanhamento para o almoço ou o jantar.

10 - Couve-flor roxa

A couve-flor é uma hortaliça do tipo inflorescência (conjunto de flores), cuja textura delicada e tenra exige cuidado e atenção na sua preparação. É rica nos minerais cálcio e fósforo, contém quantidades apreciáveis de vitamina C. A variedade roxa fica linda se for cozida no vapor, temperada somente com sal e azeite.


Salada enfeitada com Capuchinha (foto minha)

A maioria das informações é da wikipédia e do livro "1001 comidas para provar antes de morrer" de Frances Case. Os locais onde podem ser encontrados os alimentos são da minha própria experiência.

domingo, 1 de agosto de 2010

O Pequeno Nicolau

O Pequeno Nicolau - Desenho de Goscinny

Se você foi privado na infância ou adolescência de ler as aventuras do Pequeno Nicolau, fique sabendo que ainda há tempo para corrigir essa terrível deficiência. Corra para a livraria mais próxima e garanta os seus, antes que as pessoas que viram o filme esgotem todos os exemplares.
Brincadeiras à parte, os vários episódios do Pequeno Nicolau são daqueles livros para crianças que têm vários níveis de significado, e enriquecem as nossas vidas para sempre, nada perdendo, ao contrário, ao serem relidos mais tarde. Se você tem filhos, é uma excelente iniciação à leitura, com textos curtos e ilustrados. O filme foi uma grata surpresa para mim, e dei boas gargalhadas ao reencontrar o humor aparentemente ingênuo dessa turma de pequenos bagunceiros franceses. Não perca os livros nem o filme!

sábado, 19 de junho de 2010

Corridas de Rua


Adoro listas! Listas de coisas para fazer, de coisas para pensar, de motivos para não namorar um Tiranossauro Rex (link), e até de listas de telefones, quando estou fora do Rio de Janeiro. Então resolvi preparar uma, de 10 motivos para participar de corridas de rua. Algumas podem ser inconscientemente roubadas de revistas de corrida, os autores que me desculpem.
Aqui vai:

10 Motivos para participar de corridas de rua

  1. A camisa colorida do kit. São lindas, em geral de boa qualidade, e depois servem de motivo para cumprimentar estranhos na rua (que estejam usando a mesma camisa, claro)
  2. Satisfazer o instinto de manada. Nada melhor do que correr junto com milhares e milhares de pessoas , e ainda por cima usando o mesmo uniforme, para satisfazer o nosso ancestral instinto de correr com a manada.
  3. Estabelecer pequenas metas para a prática de exercícios. Correr 5 km sem parar, depois melhorar o tempo nos 5 km, aumentar a distância (a volta à Lagoa Rodrigo de Freitas, por exemplo, tem 7.6 km), correr uma prova de 10 km, etc.
  4. Motivação para acordar cedo e aproveitar melhor o domingo.
  5. São uma forma de conhecer pessoas e até de fazer novas amizades.
  6. É melhor correr na rua quando o trânsito está parado. Há menos poluição, e não há perigo de ser atropelado.
  7. Algumas corridas de rua são por boas causas, e parte da renda é revertida para instituições ligadas a essas causas.
  8. Sonhar acordado sem ninguém achar que você está louco.
  9. Muitas vezes há comida e bebida de graça. Além das frutas e bebidas da organização da corrida, muitos fabricantes aproveitam para divulgar os seus produtos distribuindo amostras aos corredores.
  10. A alegria de cruzar a linha de chegada (mesmo que seja em 675326º  lugar)

Os livros que permeiam a nossa vida


Para quem não gosta ou não tem o hábito de ler, é difícil explicar o amor pelos livros. Gostar de viver cercado deles, não aguentar nem ir ao banheiro sem a sua companhia, ser incapaz de se sentar para tomar um chá ou um café sem um deles, mesmo com o incômodo de segurar a chícara e o livro ao mesmo tempo, são características dos viciados em leitura que são inexplicáveis e às vezes irritantes para os não-leitores.
A mãe de um amigo meu, acometida de uma dessas doenças degenerativas devastadoras que felizmente são raras, entrou em depressão não por saber que a doença era incurável e lhe daria poucas chances de luta, mas por não poder segurar mais os livros, jornais e revistas de que tanto gostava.
Recentemente um colega geofísico russo enviou-me dois livros de Bulgakov, considerado um dos melhores escritores russos do século XX, que eu ignorava completamente. Que prazer indescritível descobrir assim sem mais nem menos outro grande escritor! E para enquadrá-lo no contexto histórico, nada como a internet: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mikhail_Bulgakov. Mais um médico escritor! O que leva tantos médicos a escrever? Muitos grandes escritores enfrentaram o duro caminho de estudar e começar a prática da medicina, e depois largaram tudo para tornar-se escritores profissionais, ou ainda conseguiram fôlego para exercer as duas profissões. Alguns, claro, estudaram medicina por pressão da família, e mais tarde abandonaram a carreira para seguir a verdadeira vocação, mas muitos descobriram que tinham as duas vocações, ou talvez o profundo conhecimento que desenvolveram da natureza humana através da prática em consultórios e hospitais os tenha levado a sentir essa necessidade de "reinventar o humano", como escreveu o crítico Harold Bloom.
Recentemente a minha amiga Mme I deu-me um livro, o excelente "A Elegância do Ouriço" de  Muriel Barbery. No livro há uma passagem em que uma das personagens principais fala da sua admiração por um dos jogadores ds rugbi da Nova Zelândia, que executa uma dança Maori antes das partidas com uma expressão particularmente concentrada. No mesmo dia em que li esse capítulo do livro, assisti ao filme "Invictus", onde aparece a mesma seleção de rugbi dançando a dança guerreira Maori que encantou a personagem. Algumas semanas depois, Martha Medeiros escreveu sobre o livro de Muriel Barbery na sua crônica A Elegância do Conteúdo, em que ela adomoesta os brasileiros a não se tornarem uma nação rica mas cheia de cabeças ocas. Essas coincidências e afinidades acontecem frequentemente com os leitores assíduos, e são um dos ganchos que levam ao vício incurável da leitura.

sábado, 15 de maio de 2010

Corrida e Caminhada contra o Cancer de Mama


No Rio de Janeiro, vai ser no domingo, 22 de maio, no Aterro do Flamengo. Mesmo para quem não se inscreveu, vale a pena ir até lá para aproveitar a festa, divertir-se e informar-se.
Repito aqui as "dicas" que publiquei no ano passado, e que servem para qualquer corrida de rua:

  • Não se esqueça de levar boné, óculos de sol e de passar protetor solar antes de sair de casa! O protetor solar é importante para a sua saúde e para evitar as marcas ridículas da bermuda e da camiseta!
  • Tome um café da manhã leve, mas não vá em jejum. Comer alguma coisa é importante para ativar o metabolismo e aproveitar melhor os benefícios da caminhada ou corrida.
  • Ao longo do percurso há alguns pontos de hidratação. Pegue sempre um copinho e beba pelo menos um gole de água. Se estiver muito calor, jogue o restante da água na sua cabeça, pescoço e pulsos, para se refrescar.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Homenagem às Mães


(Ilustração publicada no site www.pobladores.com)

Esta é uma versão, ligeiramente modificada pela minha mãe, da Canción Tonta de Federico García Lorca:

Madre, quiero ser de plata.
No hijo, tendrás mucho frío.
Madre, quiero ser de agua.
No hijo, tendrás mucho frío.
Madre, bórdame en tu almohada.
Eso sí, hijo! Ahora mismo!

Só a minha mãe teria a audácia de mudar as palavras do grande poeta. Eu gosto mais desta versão, moldada pelo enorme amor que ela tinha pelos filhos. Chego a sentir o cheiro dela nessa almofada imaginária... Se quiser conhecer o original, siga o link Canción Tonta

terça-feira, 6 de abril de 2010

Medo de Dirigir

Para algumas pessoas guiar um carro é uma das tarefas mais simples do mundo, para outras é quase uma impossibilidade metafísica. Algumas dessas pessoas que não conseguem dirigir admitem que não o fazem por medo ou falta de habilidade, enquanto outras usam desculpas e subterfúgios, como dizer que moram perto do trabalho e não precisam de carro, ou que já há automóveis demais no planeta, e enganam-se a si mesmas e aos outros durante anos ou pela vida toda.
Por quê isso? Qual é a diferença entre as pessoas para quem dirigir é fácil e natural e aquelas para quem isso é impossível? Segundo a psicóloga Cecília Bellina, dona de uma rede de clínicas-escola especializadas, há várias causas, mas o  mais importante não é a causa do medo, mas o fato de que com técnicas corretas e algum esforço é possível para qualquer pessoa começar a dirigir e ganhar essa liberdade. O impacto na vida das pessoas pode ser tanto o ganho de autoconfiança, como também pode abrir novos horizontes profissionais e pessoais.
Há de tudo na escola da Cecília Bellina: pessoas com doentes em casa que querem passar a levá-los aos centros de tratamento com mais segurança e conforto, profissionais que perdem horas e horas todos os dias para chegar aos locais de trabalho e querem poder usar esse tempo para outras atividades, ou simplesmente pessoas que não aceitaram a sua incapacidade e resolveram mudar.
A habilidade e segurança na direção são muito difíceis de adquirir quando se tem medo, e a pessoa que tem esse medo muitas vezes atribui a sua frustração à inabilidade ou incapacidade, falta de jeito, distorcendo o fato de que é necessário treino para dominar o carro no meio do trânsito louco das grandes cidades, e esse treinamento fica muito difícil quando se tem medo de causar um acidente ou da exposição ao julgamento dos outros: "e se o carro morrer no meio do engarrafamento e não pegar mais?", "e se eu empacar no meio da ladeira, ou na entrada da garagem?".
E há sempre aqueles parentes ou amigos bem intencionados que resolvem dar umas "aulinhas" à pessoa que tem dificuldade para começar a dirigir, e aqueles que, ao contrário, dizem para a pessoa deixar disso, que tem gente que não serve para isso mesmo, que vai acabar se matando e levando outras pessoas junto, e algumas outras "pérolas" que prefiro não repetir aqui. As aulinhas não adiantam nada, porque o problema em geral não é falta de aulas, mas alguma coisa mais profunda e enraizada na cabeça da pessoa, e os comentários negativos, ao contrário, ressoam na mente distorcida como as badaladas de um sino.
Duas coisas me ajudaram muito a começar: as cartas de ex-alunas, afixadas na recepção da clínica-escola, e a afirmação da psicóloga que me ajudou, a Paula, de que a taxa de sucesso com as pessoas que persistem no tratamento é de 100%.
A técnica da clínica-escola da Cecília está muito bem explicada no site: http://www.ceciliabellina.com.br/home, se você sofre com esse problema ou conhece alguém que sofre, não deixe de visitá-lo. Há outras auto-escolas especializadas em pessoas com medo ou simplesmente com deficiências que dificultam a direção, que com certeza também têm profissionais excelentes e taxa de sucesso altíssima.

sábado, 27 de março de 2010

O gato na Arte

                                                        
Apesar de adorados por muitos, e da sua beleza e elegância, os gatos foram pouco retratados ao longo da história da a Arte. O link http://www.delmars.com/cats/catsart.shtml leva a uma interessante exposição sobre o tema, apresentada e comentada por um gato. Infelizmente o inteligente felino mia em inglês. O site merece uma visita mesmo de quem não fala a língua de Shakespeare e dos Beatles.


Mais para o lado utilitário, segue um link para um site com "dicas" para você organizar e armazenar os seus gatos: http://brainz.org/119-ways-store-and-organize-your-cats/
Muito útil.

quarta-feira, 24 de março de 2010

A insanidade nossa de cada dia

(ilustração de Saul Steinberg)

sábado, 6 de março de 2010

Muito Prazer, Leitura

Giuseppe Arcimboldo. O Bibliotecário-1566. Skoklosters Slott, Balsta, Suécia
(ainda vou acabar esgotando as pinturas do Arcimboldo)

Ítalo Calvino disse carta vez: "Por que ler os clássicos? Porque é melhor do que não os ler." Não contente com essa resposta, desenvolveu o tema escrevendo um livro inteiro, "por que ler os clássicos". Ainda não tive o prazer de ler esse livro, mas felizmente tive a experiência enriquecedora de ler, e mais ainda de reler, vários livros considerados clássicos. Recomendo vivamente! Se quer uma sugestão, leia Dom Quixote, o clássico dos clássicos... É leve, divertido, envolvente, moderno, emocionante, inovador. Ninguém continua sendo a mesma pessoa depois de ler Dom Quixote.
A editora Abril tem feito uma bela campanha pela educação, da qual reproduzo uma lista de benefícios da leitura:

1) Amplia o conhecimento geral
2) Desenvolve o repertório
3) Estimula a criatividade
4) Aumenta o vocabulário
5) Emociona e causa impacto
6) Muda sua vida
7) Liga o senso crítico na tomada
8) Facilita a escrita

Uma observação: por algum motivo que não foi totalmente explicado pela neurociência, quando lemos no computador a nossa tendência é ler mais rápida e superficialmente. Ponto para os bons e velhos livros de papel!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O Climatério das Frutas

 Vertumnus - pintura de Giuseppe Arcimboldo - século XVI 

Robert Wolke, professor emérito de química da universidade de Pittsburg e premiadíssimo autor de livros de divulgação científica, manteve durante anos uma coluna no jornal The Washington Post na qual repondia perguntas dos leitores sobre qualquer coisa associada com comida. Nada de receitas ou dicas de nutrição e saúde. Wolke respondia às perguntas dos leitores usando o seu profundo conhecimento de química, e muitas vezes realizava experimentos ele mesmo, em casa ou nos laboratórios da universidade.
Num dos seus livros, O que Einstein Disse ao Seu Cozinheiro 2 - mais ciência na cozinha, ele dá uma interessante explicação sobre o amadurecimento das frutas, que eu resumo aqui:

Para cada tipo de fruta há um ponto em que o amadurecimento atinge o seu pico, após o qual começa o período de senescência (deterioração) e finalmente o apodrecimento. O pico de amadurecimento é quando ela tem uma bela cor, textura macia e melhor sabor, porque os ácidos terão diminuído, os açúcares aumentado e várias substâncias responsáveis pelo aroma e sabor terão sido produzidas.

O curioso é que nem todas as frutas amadurecem da mesma forma. Embora a maioria das frutas atinja suas melhores qualidades quando amadurecida na árvore, os abacates, por exemplo, só amadurecem totalmente depois de colhidos.

Muitas frutas à venda nos supermercados são colhidas deliberadamente ainda verdes, para que aguentem melhor o transporte. Outras são colhidas, despachadas e vendidas quase maduras, com a polpa firme que ficará gradualmente macia.

Então é muito útil saber quais as frutas continuarão a amadurecer em casa e quais precisam ser compradas no ponto em que vão ser consumidas, para não haver surpresas. As frutas que continuam a amadurecer depois de colhidas emanam etileno, o gás do amadurecimento, e para potencializar o seu efeito elas devem ser guardadas fora da geladeira (o frio retarda as reações químicas), embaladas em papel, com alguns furos porque o excesso de etileno pode estragar as frutas. Uma maçã, banana ou maracujá, as campeãs de emissão de etileno, pode ser guardada junto com outras frutas, porque as frutas que emitem mais gás vão ajudar as mais "fraquinhas" a amadurecer.

Segue a lista de frutas não climatéricas (ou seja, não adianta comprá-las verdes): cereja, frutas cítricas. pepino, romã, amora, framboesa, morango e melão

Frutas climatéricas (continuam a amadurecer): maçã, damasco*, abacate*, banana, mirtilo*,figo*, goiaba, kiwi, manga, nectarina*, papaia, maracujá, pêssego*, pera, caqui*, abacaxi, ameixa*, marmelo e tomate.

* as frutas marcadas com asterisco melhoram a cor e textura, mas não ficam mais doces.

sábado, 30 de janeiro de 2010

As Atribulações do Sr. Bouguer

(Pierre Bouguer no Peru - gravura obtida no site http://www.sieland-online.de)

Os mapas de anomalia Bouguer são bem conhecidos por geólogos e geofísicos pela sua utilidade em prospecção de petróleo e de outros minerais, caracterizados por diferenças de densidade em relação às rochas em que estão encaixados. Quanto maior a massa de um material maior a atração gravitacional que ele exerce, e as diferenças na densidade dos diversos materiais encontrados no subsolo pode ser medida utilizando instrumentos extremamente sensíveis, conhecidos como gravímetros.
O que poucos conhecem é a vida aventurosa deste senhor francês do século XVIII. Após diversas publicações cíentíficas na área naval, estudos de magnetismo, e importantes descobertas na área da ótica (inventou a fotometria), Bouguer engajou-se numa expedição ao Peru para medir a dimensão do um grau de meridiano da Terra, com o intuito de provar que Newton estava errado e a Terra era uma esfera perfeita. Nessa expedição científica, uma das mais anti-sociais de toda a história do conhecimento humano, todos se desentenderam. Bouguer brigou com La Condamine, o outro líder da expedição, briga que se estendeu até  à morte dos dois, porque Bouguer era melhor cientista e La Condamine melhor escritor. O botânico da expedição enlouqueceu, o médico foi assassinado e Jean Godin, o terceiro membro mais importante da expedição, fugiu com uma menina de 13 anos. Os peruanos não só não ajudaram em nada os nobres cientistas franceses, como também também ficaram muito desconfiados de mais uma excentricidade francesa, essa invenção de escalar algumas das montanhans mais difíceis do mundo carregando enorme parafernália, quando poderiam muito bem fazer os mesmos experimentos e medições em locais muito mais aprazíveis, sem sair da França.
No fim das contas a expedição de Bouguer apenas comprovou o que não queria, porque outra expedição francesa, fazendo medições em outro local extremamente inóspito, o norte da Escandinávia, provou primeiro que realmente a forma Terra se aproxima mais de um elipsóide do que de uma esfera, o que as medidas de Bouguer apenas comprovaram.
Por outro lado, as medições de variações na aceleração da gravidade que Bouguer tentou fazer utilizando pêndulos, para comprovar a variação lateral na atração gravitacional devida à massa das montanhas, não deram certo, mas renderam a Bouguer o nome das anomalias gravimétricas, que continua a ser impresso em milhares e milhares de mapas, trabalhos científicos e teses ao redor do planeta, além de ter dado o nome a duas crateras, uma em Marte e outra na Lua, glória inefável que ele nunca conseguiu durante a sua vida.

Fonte: Bill Bryson: A Short History of Nearly Everything, wikipedia, http://www-history.mcs.st-and.ac.uk/



quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Vamos Ajudar o Haiti!


(ilustração doada por René Bouschet - http://www.erbykezako.blogspot.com/)

Informações do blog: http://blogln.ning.com/

Obs: eu verifiquei os CNPJs abaixo e realmente pertencem às instituições indicadas.

A embaixada do Haiti no Brasil recebe doações em dinheiro por meio da conta corrente abaixo. Os recursos serão recebidos diretamente pela embaixada e administrados por ela, segundo o Banco do Brasil. Podem ser feitos depósitos ou transferências de qualquer banco e até mesmo de fora do Brasil para a conta corrente.


Nome: Embaixada da República do Haiti
Banco: Banco do Brasil
Agência: 1606-3
CC: 91000-7
CNPJ: 04170237/0001-71

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) também recebe doações só em dinheiro. Segundo Silvia Backes, coordenadora do CICV no Brasil, a entidade não recebe outros tipos de doações, como roupas, devido à dificuldade de enviá-las ao país. Ela diz que há uma equipe de ajuda emergencial da Cruz Vermelha saindo de Genebra com toneladas de doações e com equipes de médicos.
Para doar ao CICV, use a conta corrente abaixo:

Nome: Comitê Internacional da Cruz Vermelha
Banco: HSBC
Agência: 1276
CC: 14526-84
CNPJ: 04359688/0001-51

O Movimento Viva Rio informou que abriu uma conta para receber doações que serão usadas para compra de alimentos, água e medicamentos.
Presente desde 2004 no Haiti, o Viva Rio mantém uma equipe de mais de 400 pessoas trabalhando nos projetos, sendo nove brasileiros. Doações podem ser feitas na conta:

Nome: Movimento Viva Rio
Banco: Banco do Brasil
Agência: 1769-8
CC: 5113-6
CNPJ: 00343941/0001-28

O músico haitiano Wyclef Jean recebe doações para ajudar as vítimas do terremoto por meio de sua ONG, a Yelé Haiti. Para doar, acesse o site do Yelé Haiti, clique em "Donate", escolha o valor da doação e forneça os dados do seu cartão de crédito.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Balada da Neve


(Primeira Neve sobre o Monte Aigoual... desenho de René Bouschet http://www.erbykezako.blogspot.com e http://peintures-numeriques.blogspot.com)

Em Portugal, quando eu era pequena, havia os chamados "Livros de Leitura", um para cada série do primário. Eram livros com textos e poesias selecionados para cada série, que os professores utilizavam como quisessem: cópias, ditados, temas para redação, etc. Alguns ficaram na memória até hoje, este veio com as imagens deste inverno no hemisfério Norte:

Balada da Neve

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
. Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
. e cai no meu coração.

Augusto Gil (1873-1929)

domingo, 10 de janeiro de 2010

Cebolinhas Caramelizadas nos Próprios Sucos


(as cebolinhas ainda na fase inicial de cozimento)

Ingredientes
Cebolinhas
Azeite
1 pitada de sal
1 "golpe" de vinagre

Preparação
Descasque as cebolinhas. Cubra o fundo de uma panela de inox com um pouco de azeite. Coloque as cebolas e deixe cozinhar muito lentamente. Mexa cuidadosamente de vez em quando, com cuidado para não desmanchar as cebolas. Se precisar deglaçar (dissolver a crosta que se forma no fundo da panela) use um pouco de vinagre. Demora muito (umas 2h) para elas ficarem com uma bela cor de caramelo, mas vale a pena! Coloque-as no fogo no começo da preparação de uma refeição, elas não dão trabalho nenhum.

(receita do blog: La Cocina Paso a Paso)

Frango com Malzbier


(mais uma receita adaptada do livro "As Melhores Receitas de Celidônio")

Esta receita é muuuuuito fácil e fica uma delícia!

Ingredientes
1 frango cortado em pedaços ou o equivalente em coxas/sobrecoxas; azeite; 1 pacote de creme de cebola; 2 latas de malzbier; temperos à vontade - sugestão: alho desidratado, pimenta do reino,pimenta calabresa, tomilho, alecrim, cheiro verde

Preparação
Dissolva a sopa de cebola em um pouco de água,e junte os temperos da sua preferência. Doure os pedaços de frango dos dois lados com um pouco de azeite. Junte a sopa de cebola e a cerveja e deixe cozinhar (30 a 40 minutos). Corrija o sal, acrescente o cheiro verde e sirva acompanhado de arroz branco e cebolas caramelizadas.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

As Maldições de Arnaldo Jabor


(Inferno - Parte do Tríptico "O Jardim das Delícias" de Hieronymus Bosch - séc XV - Museu do Prado, Madrid)

Diante dos Arrudas, Sarneys e outras sarnas que continuam assombrando o nosso país, e das  mortes causadas por mais uma leva de catástrofes totalmente previsíveis e evitáveis se não fosse a leniência das nossas autoridades, Só nos Restam as Maldições de Arnaldo Jabor para desopilar um pouquinho o fígado. Melhor do que chophytol!

FELIZ ANO NOVO!