Nuvem criada usando wordclouds.com com as palavras mais frequentes nas últimas postagens deste blog
Algumas palavras sempre me fizeram espécie... inovações que não parecem acrescentar nada à língua, ao contrário, parece que a empobrecem: "providenciar" é um exemplo. Por que não dizer "tomar uma providência", se for o caso, ou discriminar melhor o que vai ser feito: buscar, encomendar, pedir, comprar... o meu pai gostava de levar o hábito de inventar palavras por pura preguiça a extremos engraçados, como a palavra "pequenalmoçar", que quer dizer tomar o pequeno almoço, que é como se chama o café da manhã em Portugal.
A seleção natural acaba sumindo com as palavras inúteis e ficando com as que contêm alguma nuance de significado e assim enriquecem a língua. São como os seres vivos: as mais fracas estão fadadas à extinção.
Em inglês há a expressão "gaslighting" que veio de uma peça de teatro que resultou num filme ótimo com a Ingrid Bergman fazendo o papel da vítima do marido manipulador. Gaslighting é uma forma de abuso psicológico em que uma pessoa sistematicamente engana a outra para fazê-la acreditar que está ficando maluca. Essa expressão foi importada para o português, e não conheço palavra equivalente que a substitua.
Outra palavra que foi incorporada recentemente ao vocabulário no Brasil foi femininicídio, o assassinato de mulheres por motivos ligados ao fato de elas serem mulheres. Inicialmente parecia um pouco excessivo diferenciar os assassinatos dessa forma, até que a enxurrada de casos que aparecem diariamente na imprensa me fez ver que é uma palavra necessária e importante, que infelizmente parece que veio para ficar.
Há palavras que espero que desapareçam rapidamente, como icônico, usado para descrever as coisas menos icônicas possíveis, como perfumes, pratos de restaurantes, músicas e até sapatos. Parece que qualquer coisa memorável passou a ter um significado religioso, como se o filé com fritas de algum restaurante antigo fosse digno de culto e adoração.
E nem falo de palavras antigas usadas com significados equivocados, como assertividade, que cada vez mais vem sendo usada como se tivesse alguma relação com acerto.
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