sábado, 19 de junho de 2010

Corridas de Rua


Adoro listas! Listas de coisas para fazer, de coisas para pensar, de motivos para não namorar um Tiranossauro Rex (link), e até de listas de telefones, quando estou fora do Rio de Janeiro. Então resolvi preparar uma, de 10 motivos para participar de corridas de rua. Algumas podem ser inconscientemente roubadas de revistas de corrida, os autores que me desculpem.
Aqui vai:

10 Motivos para participar de corridas de rua

  1. A camisa colorida do kit. São lindas, em geral de boa qualidade, e depois servem de motivo para cumprimentar estranhos na rua (que estejam usando a mesma camisa, claro)
  2. Satisfazer o instinto de manada. Nada melhor do que correr junto com milhares e milhares de pessoas , e ainda por cima usando o mesmo uniforme, para satisfazer o nosso ancestral instinto de correr com a manada.
  3. Estabelecer pequenas metas para a prática de exercícios. Correr 5 km sem parar, depois melhorar o tempo nos 5 km, aumentar a distância (a volta à Lagoa Rodrigo de Freitas, por exemplo, tem 7.6 km), correr uma prova de 10 km, etc.
  4. Motivação para acordar cedo e aproveitar melhor o domingo.
  5. São uma forma de conhecer pessoas e até de fazer novas amizades.
  6. É melhor correr na rua quando o trânsito está parado. Há menos poluição, e não há perigo de ser atropelado.
  7. Algumas corridas de rua são por boas causas, e parte da renda é revertida para instituições ligadas a essas causas.
  8. Sonhar acordado sem ninguém achar que você está louco.
  9. Muitas vezes há comida e bebida de graça. Além das frutas e bebidas da organização da corrida, muitos fabricantes aproveitam para divulgar os seus produtos distribuindo amostras aos corredores.
  10. A alegria de cruzar a linha de chegada (mesmo que seja em 675326º  lugar)

Os livros que permeiam a nossa vida


Para quem não gosta ou não tem o hábito de ler, é difícil explicar o amor pelos livros. Gostar de viver cercado deles, não aguentar nem ir ao banheiro sem a sua companhia, ser incapaz de se sentar para tomar um chá ou um café sem um deles, mesmo com o incômodo de segurar a chícara e o livro ao mesmo tempo, são características dos viciados em leitura que são inexplicáveis e às vezes irritantes para os não-leitores.
A mãe de um amigo meu, acometida de uma dessas doenças degenerativas devastadoras que felizmente são raras, entrou em depressão não por saber que a doença era incurável e lhe daria poucas chances de luta, mas por não poder segurar mais os livros, jornais e revistas de que tanto gostava.
Recentemente um colega geofísico russo enviou-me dois livros de Bulgakov, considerado um dos melhores escritores russos do século XX, que eu ignorava completamente. Que prazer indescritível descobrir assim sem mais nem menos outro grande escritor! E para enquadrá-lo no contexto histórico, nada como a internet: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mikhail_Bulgakov. Mais um médico escritor! O que leva tantos médicos a escrever? Muitos grandes escritores enfrentaram o duro caminho de estudar e começar a prática da medicina, e depois largaram tudo para tornar-se escritores profissionais, ou ainda conseguiram fôlego para exercer as duas profissões. Alguns, claro, estudaram medicina por pressão da família, e mais tarde abandonaram a carreira para seguir a verdadeira vocação, mas muitos descobriram que tinham as duas vocações, ou talvez o profundo conhecimento que desenvolveram da natureza humana através da prática em consultórios e hospitais os tenha levado a sentir essa necessidade de "reinventar o humano", como escreveu o crítico Harold Bloom.
Recentemente a minha amiga Mme I deu-me um livro, o excelente "A Elegância do Ouriço" de  Muriel Barbery. No livro há uma passagem em que uma das personagens principais fala da sua admiração por um dos jogadores ds rugbi da Nova Zelândia, que executa uma dança Maori antes das partidas com uma expressão particularmente concentrada. No mesmo dia em que li esse capítulo do livro, assisti ao filme "Invictus", onde aparece a mesma seleção de rugbi dançando a dança guerreira Maori que encantou a personagem. Algumas semanas depois, Martha Medeiros escreveu sobre o livro de Muriel Barbery na sua crônica A Elegância do Conteúdo, em que ela adomoesta os brasileiros a não se tornarem uma nação rica mas cheia de cabeças ocas. Essas coincidências e afinidades acontecem frequentemente com os leitores assíduos, e são um dos ganchos que levam ao vício incurável da leitura.