domingo, 20 de setembro de 2009

Mrs. Chippy, o gatinho do Endurance

Seguindo a tradição do Gato Mürr de E.T.A. Hoffman, que escreveu as suas memórias no verso das memórias do seu dono, e do cocker spaniel Flush de Virginia Woolf, que narrou a atribulada vida da poetisa Elizabeth Browning no seu diário, a jornalista Caroline Alexander escreveu a saga da malfadada expedição liderada por Shackleton à Antartida em 1914, vista pelos olhos do gato do carpinteiro do barco, Mrs. Chippy. O gatinho tinha por obrigação caçar todos os ratos que ameaçavam a expedição do 'Endurance', fazer rondas, inspecionar as experiências do biólogo de bordo, observar a natureza, praticar equilibrismo na amurada mesmo nas piores condições de mar, tendo chegado a cair e ficar 10 minutos na água gelada, o que seria mais do suficiente para matar qualquer ser humano. Outra das suas atividades era passear em cima das gaiolas onde eram mantidos os cachorros, o que muito os enfurecia.
O Endurance acabou ficando meses e meses entalado no gelo, até que todos os humanos foram obrigados a abandoná-lo, sacrificando antes o gatinho e os outros animais. Shackleton conseguiu, com muita dificuldade, conduzir a retirada de todos os membros da tripulação, sem perder nenhuma vida humana, o que é considerado um grande exemplo de liderança, menos pelo carpinteiro, Henry McNeish, que nunca o perdoou pela perda do heróico gatinho, que nunca deixou de cumprir as suas obrigações, mesmo nas condições mais adversas.

O nome do livro é "Mrs. Chippy's Last Expedition", e acho que não existe tradução para português.

Um comentário:

  1. Pobre gatinho, isso mesmo, apesar de ser chamado de Mrs. Chippy o felino era macho. Em 2004 o túmulo de "Harry" recebeu uma estátua de bronze em tamanho real do gato herói, reunindo assim os velhos amigos após anos separados por seu algoz Shackleton bruscamente em 29 de outubro de 1915.

    http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/3818613.stm

    http://www.antarctic.org.nz/pages/projects/mrschippy.php

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